segunda-feira, 26 de maio de 2014

TROVADOR PEDRO GIUSTI E OUTROS VERSOS # ANTONIO CABRAL FILHO - RJ

Capa

-Folha de rosro-
TREVO...
TRAVO...
TROVAS.
(Rapsódia em si)

Editora Margem
Rio  -  1978
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NOTA
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Publicarei aqui neste blogue, toda a poesia do PEDRO GIUSTI deixada comigo antes dele partir para a ACADEMIA CELESTIAL DE LERAS a fim de garantir meu lugar na fila, pois como "bons brasileiros", sempre daremos um "jeitinho" para garantir nossos privilégios, e, por quê não no céu também. Mas a publicação das poesia do PEDRO GIUSTI será feita diariamente, e espero que DEUS garanta algumas horas extras feitas espontaneamente para que eu publique toda a obra do PEDRO GIUSTI, para deleite nosso e dos aficcionados por trovas e poesias. 

Antes preciso apresentar o PEDRO GIUSTI a você, caro leitor amigo. 
PEDRO GIUSTI é marinheiro, nascido no Maranhão, mais ou menos em 1900-1901, pois em 1976, quando o conheci, ele dizia ter 75 anos. Na época, eu era sócio de uma banca de jornais, na esquina da Rua dos Inválidos com Praça da República, centro do Rio de Janeiro. 

Nossa aproximação se deu através do noticiário cotidiano dos jornais, uma vez que ele vinha à minha banca ler os jornais. Como é costume dos jornaleiros, deixa-se as pessoas à vontade para que elas se atraiam por notícias e acabem por adquirir o jornal. Mas isso nunca aconteceu com o PEDRO GIUSTI: Ele era filão!

Mas era um sujeito bom de prosa. Era muito inteligente, sempre atualizado, e avesso a ditaduras, fosse de esquerda ou de direita, o que causava certo atrito entre nós, devido a minhas simpatias por Chê Guevara, que ele dizia ser o TROTSKI do Fidel Castro. Por isso, nós tínhamos assunto para brigar o tempo todo em torno do pensamento marxista, o qual ele chamava de " escola de ditadores". Com o passar do tempo, conclui que o PEDRO GIUSTI era anarquista, anarquista mesmo, do tipo ateu iconoclasta.

Da política, passamos para as artes, começando por literatura, levando a um aprofundamento da nossa amizade. Como eu escrevinhasse uns versos esquerdopatas, ele começou a indicar-me autores para eu, segundo ele, adquirir base no universo poético e assim, poder escrever com mais consistência. Fiquei brabo com ele, pois pra mim, eu escrevia pacas! Aí, ele começou a mostrar-me TROVAS e me explicou tudo sobre verso-livre e formas fixas, e como eu já tinha estudado um pouco de escala musical, peguei rápido a metrificação, as rimas e os sistemas da trova. 

Nossa convivência se prolongou até 1980, quando me mudei para o município de São Gonçalo, largando a banca de jornais, parando de frequentar o Centro da Cidade e passando a trabalhar com representação comercial na distribuição de livros. Sempre que tinha um tempinho, passava pela Praça Cruz Vermelha, onde ele gostava de sentar-se nos banquinhos com tabuleiro de dama desenhado na pedra para jogar xadrez com seus compas. Ali, tomamos muita Black Princess. Ali, foi a minha faculdade de letras. Digo isto porque no período de 1976 a 1980, passei pela UFF enrolado com direito e comunicação social, sempre muito estimulado por ele.

Deixo aqui a primeira trova do livro acima, feito a mão por ele e dedicado a mim, segundo ele, a única pessoa no mundo com quem ele teve o prazer de concordar e discordar sem inimizade. O livro é dividido em quatro movimentos sinfônicos, cada um composto de 25 trovas: ANDANTE MODERATO, ALLEGRO MA NON TROPO, ADÁGIO e ANDANTE MAESTOSO. Junto com a segunda trova, dir-lhe-ei mais sobre o livro e o PEDRO GIUSTI. 
Antonio Cabral Filho - Rj
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TROVA Nº 1
Ainda que a minha trova
tenha esse travo de fel,
em boca de mulher nova
é doce que nem o mel.
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